segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Comer Rezar Amar

Li o best-seller "Comer Rezar Amar", de Liz Gilbert, em maio, pouco antes de viajar para Paris, onde eu passaria um mês estudando francês. Não que eu tivesse a ideia de tirar um ano sabático, tal como fez a jornalista norte-americana, que ficou viajando por três países durante 12 meses. Na verdade, peguei o livro emprestado de uma amiga que tinha acabado de lê-lo e, como eu sabia que estava sendo filmado, aproveitei para dar uma olhada...

Confesso que fiquei muito mais encantada com a primeira parte do livro, na qual Liz vai para a Itália, do que por qualquer outro trecho. Ter aquela sensação de liberdade que ela teve após um duro divórcio, e poder conhecer o país, aprender a língua e provar da deliciosa culinária italiana me fez desejar ir conhecer aquelas cidades e provar daquela comida. Ou seja, ela me convenceu.

No entanto, quando ela foi para a Índia com a intenção de rezar, o livro não me prendeu e demorei dias para passar aqueles capítulos. Não sou muito chegada em religião e sou cética quando o assunto é espiritualidade, é verdade. As meditações que ela é obrigada a fazer só me fazem ficar entediada e, ao invés de esvaziar a mente, só me passa pela cabeça as coisas que tenho para fazer assim que sair dali...

No final, hora de ir amar em Bali. Nesta parte do livro, Liz conhece um brasileiro, Felipe, com quem tem um romance e acaba se casando. Ora, se ela conseguiu encontrar, digamos, a "tampa da sua panela", faz as moças românticas acreditarem que, sim, é possível encontrar a sua também. E essa é uma das grandes mensagens do livro, haja vista que, na sequência, ela publicou "Comprometida", justamente sobre essa fase na qual se casou com o tal brasileiro.

Do início ao fim, o livro tem altos e baixos, reflexões fundamentadas e outras nem tanto, de maneira que não se pode esperar muito do longa-metragem, ainda que não seja classificado como autoajuda, mas uma biografia.

O longa-metragem estreou em 1º de outubro e faz apenas uma semana que resolvi conferir a tal Liz Gilbert que, na tela grande, é vivida por Julia Roberts, a atriz-símbolo da comédia romântica e sempre muito criticada por não ter expressões convincentes, ou seja, por sorrir e chorar fazendo a mesma cara.

Já sabendo disso, o que esperar de "Comer Rezar Amar" ("Eat Pray Love")? Assim como em outros filmes, fui assistir a este com o coração aberto, sem criar expectativas boas ou ruins antes que ele tenha terminado.

Não foi fácil, é fato. A história, contada pelo diretor Ryan Murphy (que até então só tinha dirigido séries de televisão, como "Glee"), é exatamente igual a do livro, uma vez que o roteiro, escrito por ele e por Jennifer Salt, utiliza a mesma sequência, sem criar qualquer surpresa, a não ser cortando um ou outro detalhe irrelevante. 

Durante o percurso, Liz conhece pessoas para apimentar um pouco mais a convivência e rechear os aprendizados que teve durante o ano. Na Itália, por exemplo, uma família a acolhe e seu professor de italiano aceita lhe ensinar o idioma, desde que praticassem o inglês também. Na Índia, destaque para Richard do Texas (Richard Jenkins), responsável por muitas de suas reflexões sobre o perdão. Mas é em Bali que ela reencontra o guru que havia previsto o seu retorno, além de conhecer uma curandeira e sua filha. As duas, aliás, são responsáveis pelos momentos mais emocionantes do longa (e do livro também).

É também em Bali que ela conhece Felipe que, na fita, é inerpretado pelo espanhol Javier Bardem. Ora, quando destacam um espanhol para viver um brasileiro, achando que os idiomas são parecidos, até parece que estão chamando todos de tolos. Não convence. E, ainda que o ator tente falar português, seu sotaque desmente. O mesmo acontece quando os italianos são tratados de maneira caricata e generalizada, mostrando que todos adoram a tal siesta, só pensam em sexo e em não fazer nada.

"Comer Rezar Amar" não é um filme que vai mudar a cinematografia mundial. E, embora não seja tratado como autoajuda, tal como o livro, traz reflexões pertinentes para quem passa por situações semelhantes a da personagem, frases feitas e, sobretudo, indica que é possível reverter situações quando se tem força de vontade e perseverança.

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Um comentário:

Érison Martins disse...

Humm. Sem preconceito, mas... passo!
Acho que vou esperar a versão masculina do livro ser filmada...