quinta-feira, 13 de março de 2008

E o guarda-chuva vai para...

O mundo se divide em dois grupos: os que andam a pé e os que andam de carro, trem e caminhão. Entre os que andam a pé, há dois outros grupos: os que têm guarda-chuva e os que precisam correr embaixo de toldos no meio da tempestade.

Há duas semanas, quando chovia sempre no final da tarde (ou melhor, sempre no horário em que eu estava na rua), eu era pega desprevenida, tinha que correr pra escapar. Afinal, carregar guarda-chuva é a coisa mais chata do mundo. Primeiro porque se ele é pequeno, não dá conta da tempestade; se é grande, vira um elefante branco; onde você vai, acaba esquecendo na porta, pra não entrar pingando.

Mas um dia eu resolvi carregar o guarda-chuva na bolsa e, quando isso aconteceu, bingo, não choveu mais. Cheguei até a pensar que a chuva só viria se eu não estivesse com o guarda-chuva na bolsa, tamanha era a coincidência.

Acabo de me lembrar de outra história – abre parênteses:

Quando cheguei em Paris, no ano passado, no meu primeiro dia de passeio pela cidade, adivinha? Estava chovendo. Meu namorado me emprestou o guarda-chuva dele quando foi para o trabalho e ok. Até que não foi tão difícil equilibrar a bolsa, a máquina fotográfica (turista é fogo!), o guarda-chuva e a baguete no meio da rua. No início da semana seguinte, saí com uma amiga e, quando deixávamos Notre Dame, choveu de novo. Então, resolvi entrar em uma daquelas lojinhas e comprar um guarda-chuva. Adivinha? Não choveu mais enquanto estive na cidade. Não choveu nenhuma gota, de modo que nem estreei a peça nova (só vim usá-la outro dia aqui).

Ponto. Fecha parênteses.

Como ando muito a pé, cansei de me molhar e correr. Então, me habituei a carregar o trambolho pra cima e pra baixo. Ontem, eu voltava para o jornal caminhando despretensiosamente na rua, após o almoço, quando vi várias pessoas correndo para se proteger da chuva que veio sem avisar, imagine, no início da tarde! Era gente tentando se esconder embaixo de toldo, telhado, o que fosse. As moças com chapinha no cabelo (desculpe, não resisti) enrolavam a blusa, a toalha (juro!) na cabeça, um horror.

Eu, como não sou boba nem nada, estava ali, andando devagar, carregando o trambolho na mão, sequinha da silva. Algo como se fosse um troféu!

Aliás, acho que é isso: o guarda-chuva é para os pedestres o mesmo que o Oscar é para os atores, diretores, produtores... (Hmm, não deu, deixa pra lá!)

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