
Se o Brasil não trata esta produção com entusiasmo, saiba que os franceses (por motivos óbvios, é claro) prestigiaram o filme sobre um gerente dos Correios que é transferido para o norte do país. Isso porque a fita, que teve o orçamento de 11 milhões de euros, arrecadou, no final de semana de abertura, mais de 20 milhões de euros (segundo o IMDB – Internet Movie Database). De acordo com o material de divulgação para a imprensa, o filme já rendeu na bilheteria mais de 180 milhões de euros naquele país e continua contabilizando. Esse foi, portanto, o filme francês de maior sucesso de bilheteria. Talvez seja o equivalente ao nosso “Se Eu Fosse Você 2” que, embora não seja lá um grande filme, agradou ao público e rendeu na bilheteria.
O que mais se deve a este sucesso é que o longa-metragem aborda as diferenças existentes dentro do mesmo país (França), as questões culturais e, sobretudo, linguística. E em um território imenso como é a França, não poderia ser diferente. Vide o caso do Brasil e as diferenças existentes entre as regiões Norte, Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste.
Morador de Salon-de-Provence, uma cidade localizada no sul da França, Philippe Abrams (Kad Merad) é gerente dos Correios (vale lembrar que “La Poste” também faz as vezes de banco), mas luta para ser transferido para a Riviera Francesa, local banhado pelo mar Mediterrâneo e considerado um dos mais belos do mundo. No entanto, sua esposa, Julie (Zoé Félix), vive em depressão e ele acredita que a mudança fará bem a ela e ao seu casamento. No entanto, ele mente em sua carta de transferência e coloca tudo a perder. Como punição, é enviado para Bergues, cidade localizada ao norte da França, em Nord-Pas-de-Calais. Por conta do clima (e da fama), ninguém que mora ao sul quer viver lá. A partir de então, sua vida começa a virar um inferno, pois sua esposa não pensa em ir junto.
Além do clima, existe o dialeto, o “picardo”, difícil de se entender e que será um dos motivos da graça. O nome original do filme, “Bienvenue Chez les Ch'tis”, tem a ver com a maneira como esse dialeto é conhecido lá (ch'tis).
A comédia “A Riviera Não É Aqui” é dirigida e escrita por Danny Boon, que também atua no longa-metragem. Ele é Antoine Bailleul, o carteiro que vai recepcionar o novo gerente, e incluí-lo no ambiente familiar. O roteiro, aliás, é bastante pessoal, uma vez que Boon é nativo daquela região e sempre achou que as pessoas olham o local com preconceito e desdém por, principalmente, não conhecer o ambiente. O filme, então, é dedicado a sua mãe.
A câmera de Danny Boon faz um travelling, no início, pelas pelas paisagens do mediterrâneo e a abertura faz uma brincadeira pelo mapa: bem divertido.
Não bastassem as boas atuações dos atores (Kad Merad está impagável!), o público ri principalmente por conta dos trocadilhos do idioma, pelo trabalho que fazem e “enchem a cara” a convite dos moradores (principalmente para se aquecer do frio).
“A Riviera Não É Aqui” é um longa que apresenta uma evolução bem pontuada dos personagens, é humano, faz rir, mas sem ser uma comédia pastelão. Além de leve, sua maior virtude, porém, é não ser pretensioso, nem arrogante. E por isso o filme se torna belo e imperdível.
Em tempo: não saia do cinema antes dos créditos finais. Os erros de gravação são bem divertidos!
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