sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Jogos do Poder

Em novembro do ano passado, Robert Redford atuou e dirigiu o longa-metragem "Leões e Cordeiros", que trata de guerra, educação e influência da mídia na política, principalmente. A fita ufanista pretendia instalar discussão, entre outras, sobre as questões da vida atual nos Estados Unidos por intermédio de personagens que queriam, a todo custo, defender a sua nação no Afeganistão.

Desta vez, quem chega para contar uma história política sobre os Estados Unidos é o diretor Mike Nichols, o mesmo do ótimo "Closer - Perto Demais". "Jogos do Poder" ("Charlie Wilson's War"), que estréia sexta-feira, dia 29 de fevereiro, tem roteiro de Aaron Sorkin baseado no livro de George Crile, que virou best-seller e trata-se de uma história real.

A trama se passa no início dos anos 1980, quando houve um grande avanço na invasão russa no Afeganistão. Por conta desse episódio, o congressista do Texas, Charlie Wilson (vivido brilhantemente por Tom Hanks), incentivado pela milionária, poderosa e sedutora Joanne Herring (Julia Roberts), se comove com o que vem acontecendo do outro lado do mundo.

Então, os dois resolvem apoiar os guerreiros, ajudando o povo afegão com fundos e armas para expulsar os soviéticos daquele país. Para isso, Charlie e Joanne contam com o apoio do agente da CIA, Gust Avrakotos (o sempre ótimo Philip Seymour Hoffman). Além de se passar nos Estados Unidos, o longa-metragem tem cenas que acontecem no Afeganistão, Paquistão, União Soviética, Israel, entre outros locais.

As lentes de Mike Nichols mostram, no início, o congressista em sauna mista e envolvido com strippers, bebida e drogas. Tom Hanks, com seu jeito natural de interpretar, vai envolvendo o espectador desde o começo. Julia Roberts, com cabelos loiros muito claros, faz sotaque texano, veste roupas lindas e fala obsessivamente em política e pede a libertação do Afeganistão.

A invasão russa neste país, aliás, é também contada em outro recente filme: "O Caçador de Pipas". Aqui, porém, os acontecimentos têm o ponto de vista ingênuo do personagem principal, um menino que tem menos de 10 anos de idade e vê as mudanças do seu país. Ainda pequeno, foge com o pai para os Estados Unidos, afim de não sofrer com as imposições do Talibã.

Um dos pontos altos (e mais envolventes) é uma das seqüências protagonizadas por Philip Seymour Hoffman, ator que venceu o Oscar 2006 por sua atuação como o personagem-título no longa "Capote". Philip, aliás, recebeu indicação por este filme como Ator Coadjuvante, mas perdeu para o espanhol Javier Barden, que fez "Onde os Fracos Não Têm Vez".

"Jogos do Poder" critica (ao contrário de "Leões e Cordeiros"), de maneira muito direta mas sem ofender, o governo norte-americano e sua atuação no Afeganistão, que até a iniciativa do congressista texano não apoiava a retirada russa. Com seu suporte, a ajuda para operações secretas contra os soviéticos subiu de US$ 5 milhões para US$ 1 bilhão anualmente. Lamentável, porém, é o fato real de que guerra foi (e continua sendo) combatida com guerra.

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