sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford

São poucos os filmes que já se sabe o final antes mesmo de assisti-lo. “Titanic” é um exemplo clássico: já se sabe que o navio afundará, em algum momento. Com o nome “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” (“The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford”), longa-metragem que estréia nesta sexta-feira, dia 23 de novembro, já se sabe o que acontecerá. Mas pelas lentes do diretor e roteirista Andrew Dominik será possível conhecer o desenrolar da história, ou seja, como Robert Ford (Casey Affleck), de apenas 19 anos, cria coragem para matar o terrível bandido Jesse James, vivido pelo astro Brad Pitt.

A fita é baseada em livro escrito por Ron Hansen, que será lançado no Brasil no mesmo dia em que estréia o filme pela Editora Novo Conceito (R$ 39,90, 334 páginas). O famoso fora-da-lei foi objeto de adoração e admiração no final do século 19, quando roubava bancos e donos de ferrovias que tiravam vantagem de pobres fazendeiros. Robert Ford, aliás, era um de seus principais admiradores, lia histórias sobre o bandido, sabia sobre toda a sua vida. Mas talvez pela admiração e por ser muitas vezes mal-tratado pelo ídolo, Ford é taxado de covarde porque atirou em Jesse James pelas costas, não dando chance de ele se defender. Outro detalhe é que foi James quem lhe deu a arma e o acolheu em sua própria casa, onde viviam sua mulher (Mary-Louise Parker) e seus dois filhos (Brooklynn Proulx e Dustin Bollinger).

Dominik, que até então só havia feito “Chooper”, lançado em 2000, abusa dos planos que contam histórias através das janelas, tal como John Ford costumava fazer. Embora este não seja um filme sobre o Velho Oeste, há muitas referências aos westerns do diretor americano que filmou “No Tempo das Diligências”, até porque o longa fala dessas diligências que eram muito comuns naquele tempo.

Outro detalhe são os planos contra-luz, closes e iluminação supostamente feita com vela e lampião, dando à fotografia uma bela textura e cor. O diretor, que também é o autor do roteiro ao lado do escritor do livro, contempla muitas narrações em off, diálogos curtos e sotaque carregado. Brad Pitt, aliás, parece um rapper americano, que fala rápido, quase sem abrir os lábios e se mostra primorosamente como um canastrão, que fuma charuto durante todo o tempo em que elabora o seu próximo grande assalto e que está sempre armado, até quando toma banho.

Já Affleck, que contracenou com Pitt em “11 Homens e um Segredo”, assim como as duas seqüências seguintes da franquia, é tímido, fala pouco, não olha nos olhos. É como se o tempo todo estivesse juntando motivos para eliminar o ídolo pelas costas. Assim também segue o espectador, que vai juntando elementos e construindo motivos para descobrir o que afinal levou Jesse James à morte. Para completar o elenco, Sam Rockwell faz o papel de Charley Ford, irmão de Bob e que contribui para o desenrolar da história.

“O Assassinato de Jesse James...” é um filme lento, na medida em que demora para contar a história e chegar ao final, fazendo com o público possa se desmotivar no decorrer da projeção. Outro detalhe dispensável, além da demora, são cenas do final, como uma encenação no teatro, que não acrescenta nada à produção e economizaria alguns metros de película. Enfim, o figurino de época e a trilha sonora bem-colocada completam a obra.

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