A fita conta a história de Constance Reide (Marina Hands), jovem que se casa aos 23 anos com o universitário Clifford Chatterley (Hippolyte Girardot), que após lutar na guerra, no início do século 20, volta para casa e fica preso a uma cadeira de rodas. Os dois vivem no interior da França, em uma grande propriedade da família, onde a moça se sente isolada e começa a se lembrar de sua vida de solteira. Entre um passeio e outro na fazenda, Constance se envolve com o caçador de animais Parkin (Jean-Louis Coullo’ch), com quem viverá quentes tardes de amor.
Basicamente é esta a história que a cineasta francesa Pascale Ferran, após hiato de 11 anos longe do cinema, conta no longa cujo roteiro tem a sua participação, além de Roger Bohbot, D.H. Lawrence e Pierre Trividic. Trata-se de uma linda história de amor que retrata o período pós-primeira Guerra Mundial.
A atriz francesa Marina Hands constrói a sua personagem de maneira singular, de modo que ela mostra a dona-de-casa da época que comanda as criadas, serve o seu marido, costura e borda, mas não abre mão de ser uma mulher, que tem desejos e vontades, quando sai todas as tarde para um passeio no campo, onde caminha entre flores, conversa com funcionários da propriedade e se envolve emocionalmente (ou será apenas carnalmente?) com o caçador que vive em uma cabana. O ator Coullo’ch, como o caçador, tem aspecto truculento, é grande, forte, rude, mas ao mesmo tempo mostra ternura quando se relaciona com a patroa, e também não abre mão do seu casamento.
As imagens mostradas por Ferran retratam a sexualidade dos dois, mostram a liberdade com que os amantes se envolviam e sem a preocupação de serem descobertos, afinal de contas, o marido, embora fosse dono de muita coisa, não podia controlar a esposa. A direção de arte e o figurino retratam a época de maneira apropriada (o longa ganhou, entre outros prêmios, o César 2007 – o Oscar francês – de Melhor Figurino, Melhor Fotografia, Melhor Filme e Melhor Atriz), de modo que remete o espectador à época em que se conta a história.
Com quase três horas de duração, “Lady Chatterley” não tem pudores em contar uma história sobre amor paralelo, mostrando os atores nus e em cenas bizarras (como a que eles cobrem as partes pubianas com plantas enquanto deitam e rolam na floresta). Deste modo, o romance francês, em parceria com a Inglaterra e a Bélgica, é lento, bem-elaborado e fala sobre a realização sexual, mas sem ser grosseiro ou extravagante.
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