Se em toda adaptação de livro para o cinema ficarmos comparando as histórias, raramente o filme ganha. Isso porque na literatura se tem uma liberdade de criação maior (a imaginação de cada leitor a ele pertence), enquanto o cinema explica exatamente o que quer que cada espectador veja. Outro problema é a concisão da história. Ou seja, um livro de 702 páginas, se seguido exatamente como foi concebido, certamente ultrapassará os 120 minutos na fita. Bom, é por isso que não vou me esforçar para confrontar o que J. K. Rowling escreveu no quinto episódio da série Harry Potter, com o que o roteirista Michael Goldenberg propôs ao diretor David Yates.
É claro que algumas coisas incomodam um pouco, mas não chegam a ofender nem tirar a beleza do longa-metragem. “Harry Potter e a Ordem da Fênix” (“Harry Potter and the Order of the Phoenix”), que estreou mundialmente dia 11 de julho nos cinemas, é uma belíssima superprodução que deve ser vista por todos os fãs do bruxinho, principalmente se o leitor acompanha a história desde o seu início.
Nesta seqüência, e na constante mania de colocar as eternas lutas entre o bem e o mal, o longa inicia-se com Harry Potter (Daniel Radcliffe, com quase 18 anos) junto com seu primo Duda Dursley (Harry Melling). No entanto, depois que os dois se desentenderam, os dementadores os atacam. Para salvar a pele de ambos, Potter usa seus conhecimentos de magia para executar o feitiço do Patrono. No entanto, como usou magia em frente a um trouxa, Harry Potter recebe uma carta da Escola de Magia de Hogwarts dizendo que poderá ser expulso e não cursar mais o quinto ano.
A partir daí, a história se desenrola. Alastor Olho-Tonto Moody (Brendan Gleeson) aparece com outros aurores para resgatar Harry e fazer com que ele consiga voltar à escola. As imagens deles voando com as vassouras sobre o Rio Tâmisa, em Londres, são excelentes, assim como todas as citações da capital inglesa, como a sala do ministério e o acesso por intermédio de uma cabine telefônica.
Para combater o mal, já que o ministro da magia Cornélio Fudge (Robert Hardy) não acredita na volta do temível Lorde Voldemort (Ralph Fiennes), muitos se reúnem e formam uma sociedade secreta, chamada Ordem da Fênix, para se preparar. Outro problema que Harry, Rony Weasley (Rupert Grint) e Hermione Granger (Emma Watson) vão enfrentar é a professora Dolores Umbridge (Imelda Staunton). Sempre vestindo roupas cor-de-rosa e dando risadas irritantes (e convincentes), ela assumiu as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas e está colocando Hogwards de cabeça para baixo. Umbridge e o Ministério da Magia acreditam que os alunos da quinta série não precisam aprender a executar magias, então Harry e seus amigos fundam a Armada Dumbledore, onde vai reunir seus amigos para ensinar alguns feitiços de modo a se defender caso “você-sabe-quem” apareça.
Harry, que tem sonhado muito com a morte Cedrico Digory, que aconteceu no ano anterior, vê o retorno de Voldemort como uma possibilidade real e assustadora, porque agora ele sonha demais com o passado. As imagens em flash-back demonstram muito isso, e comparar Harry no primeiro longa (com 12 anos) com o atual é imprescindível.
Ao acompanhar os cinco filmes da série, é possível ver também o crescimento de Daniel como pessoa e obviamente como ator, que até beija uma das personagens (embora falte química entre os atores). Após a cena, Hermione se mostra madura e comenta sobre a “amplitude emocional de uma colher de chá” de Rony. Ela, que sempre foi tão estudiosa e disciplinada, começa a quebrar regras.
No último filme, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, lançado em 2005, muito se falou em maturidade do personagem e do ator. Neste também é visível a mudança, acrescentando-se também que trata-se um filme sombrio (tal como os anteriores), mas David Yates faz seu trabalho de direção com competência, posicionando suas câmeras adequadamente e executando muitos travellings, de modo a dar maior dimensão à grandiosidade da produção. A trilha sonora, que ficou a cargo de Nicholas Hooper, é belíssima, na medida em que seu sincronismo cumpre o papel muito bem. Outro detalhe imprescindível na fita é sobre os efeitos especiais supervisionados por Tim Burke. Criaturas novas aparecem na fita, os feitiços que os personagens executam são feitos com luzes e imaginação: muito bom.
Não dá para contar o que acontece ao final, mas é bom frisar que há um detalhe que não é igual ao descrito no livro. E quem vai ao cinema pensando em ver mais uma partida de Quadribol, desista. Não há nenhum jogo durante os 138 minutos. Os gêmeos Weasley e a reviravolta que eles causam na escola são ótimos, e os dois protagonizam as cenas mais hilárias da película.
O momento mais esperado pelos fãs talvez seja a batalha final entre professor Alvo Dumbledore (Michel Gambon) e Voldermort, que brigam pela profecia sobre Harry e o lorde das trevas (justamente o clímax do filme). E neste quesito não há no que se decepcionar.
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