terça-feira, 19 de abril de 2011

Cinépolis



Com a inauguração do Iguatemi Alphaville, dia 28 de abril, chega ao bairro a rede mexicana de cinemas Cinépolis, que, em São Paulo, só possui salas no Largo 13 de Maio. No Iguatemi serão nove salas, das quais três VIPs e três 3D (incluindo a sala VIP 3D). 

O início das atividades, porém, será na sexta, 29, quando estreiam os filmes “Thor”, “Água para Elefantes” e “Como Você Sabe”. Ainda estarão em cartaz filmes para a família, como as animações “Rio” e “HOP - Rebeldes Sem Páscoa” e outros filmes para compor a programação.

Os ingressos para a semana de estreia começam a ser vendidos no mesmo dia da inauguração. Para falar sobre o cinema, conversei com exclusividade com Eduardo Acuña, presidente da Cinépolis do Brasil. Acompanhe a entrevista.

Vamos ao que interessa, como será a programação dos filmes?
Gostamos de fazer a programação de acordo com o público que vai ao cinema e fazemos questão de perguntar ao cliente. Na primeira semana, com certeza faremos uma programação mais tradicional. Temos de colocar de tudo: blockbusters, filmes mais sofisticados, filmes para crianças, temos que ter opção para todo mundo. E aí o público vai falando o que quer ver. Por exemplo, no Largo 13, o público quer só filme dublado e blockbuster. E aí "O Discurso do Rei" e "Cisne Negro" não entram. Agora, o cinema que a gente abriu no Rio, todo mundo quer legendado e a maior quantidade de filme sofisticado que puder. Lá, "Cisne Negro" foi melhor que um blockbuster, assim como "O Discurso do Rei". Em Alphaville, nossa primeira teoria é que é um público mais sofisticado, que vai preferir esse tipo de filme, legendado, mas temos que perguntar. 

Vocês fazem pesquisa?
Nós falamos com os clientes. O cinema é do cliente, não é nosso, é ele que frequenta e sabe o que quer ver. Temos que dar voz a ele.

Será que o público vai ao cinema por conta da sala ou do filme?
Temos que ter boas salas e bons filmes. Para nós, é todo um produto completo: o melhor filme com a melhor sala, com os melhores produtos na bonbonnière. Desde o lobby mais bonito e sofisticado para que o cliente fique à vontade. Poltronas maiores, mais largas, todas reclinam, têm love seat (poltronas que levantam os braços), o braço mais largo para não ficar brigando com o vizinho, espaço entre as filas é maior e o VIP é muito mais confortável, tem o love seat separado e a poltrona do VIP é uma loucura! Nosso cinema de Alphaville será o nosso mais bonito.


Essas são as primeiras salas VIPs que vocês trazem. Em relação às do Cinemark Cidade Jardim, por exemplo, como podemos compará-las?
Imagine aquela poltrona um pouco melhor! A poltrona é um pouco maior, já a usamos há 14 anos. A primeira sala VIP do mundo foi da Cinépolis em 1997. Nós começamos com conceito VIP no mundo e somos o grupo que mais tem salas VIPs. Então, meio que conhecemos bem. Odeio dizer que sabemos tudo, mas temos um pouco de experiência no assunto. A fabricação da nossa poltrona é diferente, é mexicana, conhecemos a empresa que fabrica e a poltrona é elétrica.

Li no site FilmeB que vocês têm aquelas telas grandes no México. Elas vêm para cá também?
Quando fechamos com o Iguatemi Alphaville, o shopping já estava com o projeto do cinema feito. Mesmo que a gente tenha conseguido mais área para aumentarmos o número de salas, não conseguimos um espaço que tivesse o pé direito suficiente para a tela.

Se a Cinemark tem uns 15 anos no Brasil, você não acha que a Cinépolis demorou em vir para cá?
Comecei a morar no Brasil em 1º de setembro de 2009, então faz um ano e meio. Demoramos em vir porque focamos em outros mercados, temos cinemas até na Índia. Na Índia e no Brasil chegamos em 2009. A empresa decidiu explorar bem o mercado mexicano e depois que começou a saturar, decidimos ir para fora. Primeiro, a empresa é mexicana, então faz mais sentido e as condições de mercado são mais viáveis no México: os impostos são menores, não tem cota de tela, não tem meia entrada. Tem um monte de coisas que faz com que as coisas no Brasil sejam mais difíceis de fazer. Descobrimos que os mercados maiores e com menor saturação de salas de cinema são o Brasil e a Índia e tomamos a decisão. Há mercados menores, como Peru e Colômbia, mas você não consegue fazer mais que dois, três cinemas por ano. No Brasil e na Índia, sim. O Brasil tem uma oportunidade tão grande! O país tem 190 milhões de habitantes e o México, 100 milhões. O Brasil tem 2.300 salas e o México, 5 mil. Com a metade da população, temos mais de 2 vezes o número de salas. 

É realmente triste a quantidade de salas de cinema no Brasil...
Mas a Índia ainda está pior...

Sim, e a Índia ainda produz muito filme! Nem sei se conseguem exibir todos...
Lá, o negócio é completamente diferente. Em um ano e meio desde que estamos aqui, temos cinco cinemas, vamos abrir o sexto em uma semana. Acho que tem sido rápido para o tempo que estamos aqui. Para 18 meses, é um cinema novo a cada três meses.

E os projetos até o final do ano?
Estão confirmados cinemas em Blumenau, Campo Grande, Caxias do Sul, São Paulo JK. E ainda têm outros em 2012 e 0utros sem data, mas poderemos ter novidades neste ano. Hoje, já devemos ter umas 130 salas assinadas. Para o Parque Shopping Barueri, em 2012, o projeto de quantidade de salas ainda não está definido.


Em entrevista ao FilmeB, o diretor geral do grupo, Alejandro Ramírez, falou da bonbonnière, que o brasileiro não tem o hábito de comer enquanto assiste ao filme tal como o mexicano e o americano. Quais os diferenciais da Cinépolis?
Os maiores diferenciais são a qualidade e o serviço, nem vou falar de produto, porque todos são da melhor qualidade. Um exemplo que posso dar é o hot dog que a gente tem, que é mais perto de um em comparação ao da Lanchonete da Cidade, que de um hot dog de cinema. E todos os produtos têm essa mesma filosofia. Usamos o melhor queijo para nachos, o melhor milho e óleo de pipoca. A gente não poupa no custo dos produtos, porque a qualidade é importante. Outra coisa é o serviço, você não vai encontrar filas grandes. O maior diferencial nosso é que as filas são curtas e rápidas. Um dos motivos pelos quais no México vende muito é porque aqui é preciso enfrentar uns 15 minutos de fila. Na Cinépolis, você não vai perder dois minutos de fila na bilheteria nem três na bonbonnière. Temos ainda a quantidade de produtos: além da pipoca normal, temos a light, porque achamos que o conceito de vida saudável é importante, e a pipoca doce, que não é light, mas tem receita própria e é muito gostosa. Tem que experimentar! Além disso, há os nachos e uma cafeteria que vende café, smoothie, frapé, crepe, baguete. No VIP, além de tudo isso, ainda tem cardápio diferenciado com vinho, espumante, bolinhos, escondidinhos e o garçom tira o seu pedido na sua poltrona.

Até o filme começar, né? (risos)
Sim, nunca um garçom vai atrapalhar o filme. Até a distância entre as nossas poltronas é maior que a normal e o garçom consegue circular entre elas, mesmo com a poltrona deitada.

Depois vou provar para ver se é tudo gostoso mesmo!
Sim, claro. Só falta uma semana. Acabamos de fechar o cardápio e está tudo realmente muito bom!

Serão quantos lugares ao total?
Perto de 1.300 lugares. As salas VIPs têm poucos lugares, pois não pode ter muitos, senão deixa de ser VIP. Fizemos uma sala mais aconchegante. As salas VIPs têm cerca de 1/3 dos lugares de uma sala normal.

Quase fui conhecer a Cinépolis do Largo 13, mas achei longe daqui e a programação de filmes não me animou...
A programação também depende dos filmes que são lançados. Nas últimas duas semanas, não pudemos fugir muito do "Rio". Filmes sofisticados estão sendo procurados, mas depois do Oscar, todo mundo já viu ou está comprando em DVD. Acho que entre junho e agosto teremos ótimos lançamentos. 

Serão lugares marcados? Como será a facilidade de compra do ingresso?
Teremos lugares marcados em todas as salas. E você pode comprar na bilheteria, que é o mais comum, no auto-atendimento dos cinemas. Não fazemos discriminação de cartões: pode ser débito ou crédito de todas as bandeiras, porque acreditamos que este é um serviço para o cliente. E pode comprar pela internet com lugar marcado no Ingresso.com ou no site da Cinépolis, e pode comprar pelo celular também. Uma das vantagens de ter nove salas é que a pessoa pode sair de casa e saber que terá uma opção que a agrade.
 
E os preços?
Os preços ainda não estão definidos, mas sabemos que serão mais baratos que os cinemas premium que existem em São Paulo. Sempre temos que cobrar um preço que dê retorno para o nosso investimento. A meia entrada no Brasil representa de 60% a 70% dos clientes. Em um preço de R$ 20, temos de pensar que 70% estão pagando R$ 10 e o preço médio, na verdade, está em R$ 12. Não é que não gostamos da meia entrada, mas achamos que não ela beneficia estudante e prejudica quem não é. Se não tivesse, todo mundo abaixaria o preço para trazer mais público. Mas a lei existe e a gente respeita.

Quanto custa um ingresso no México?
Bem mais barato que no Brasil. O equivalente deve ser, de um cinema na melhor região da Cidade do México, no sábado à noite, no máximo, R$ 10. E a sala VIP, uns R$ 15, R$ 16.

Qual é a expectativa de público?
Difícil de falar, pois o cinema é muito diferente, oscila muito. Durante verão americano, há muitos lançamentos, entre junho e agosto, e o movimento cai em setembro e outubro e depois volta a subir. E nos shoppings o movimento demora um pouco para aquecer.

Pirataria afeta vocês de alguma forma?
Muito. A pirataria é um grande problema, mas não temos como medi-la no Brasil. No México, há um estudo que o resultado diz que a cada ingresso que você vende, perde outro por conta da pirataria. Outro problema é que no México o narcotráfico está muito forte, o crime organizado está intimamente ligado à pirataria, pois ela é uma das maiores fontes de recursos do crime organizado no México. Então, é uma coisa terrível que a gente faz campanhas e tudo o que pudermos fazer para acabar com a pirataria, a gente faz.


E o 3D é uma forma de atrair as pessoas para o cinema?
Sim, com certeza. A inovação tecnológica sempre vai ser importante. O 3D você não consegue piratear e um ponto importante é o melhor controle das salas. Temos um trabalho que assegura que ninguém faça pirataria nas nossas salas. Outra coisa que a gente faz é promover o cinema. Acho que o cinema sempre vai ser a melhor experiência para você assistir a um filme. Se você faz um cinema bacana, poltronas confortáveis, com alta tecnologia de imagem, 3D, serviço diferenciado VIP, as pessoas vão preferir assistir a um filme na Cinépolis, independentemente se aquele filme já estiver disponível na pirataria, na internet.

Há os cinéfilos que assistem a todos os filmes, mas há muitas pessoas que vão ao cinema como forma de entretenimento, para se divertir no final de semana, por exemplo.
Isso, é um programa completo, toma vinho, come um crepe, vê um filme. Muita gente já me falou que cinema é muito caro, e eu falo: depende. Se você for olhar, o cinema é o entretenimento mais barato fora de casa. Olha os preços das praças de alimentação, de um jantar, não tem como ser o mesmo preço de um cinema. Mas no Brasil é tudo muito caro, eu quase não consigo comprar nada no Brasil (risos). Um tênis é muito caro, academia também. 

Haja vista o preço de um show!
Sim, olha o U2 que esteve aqui. E jogo de futebol, e aqui tem futebol pra caramba, quando vê, para ver um jogo do Campeonato Brasileiro, gastou uns R$ 200 facilmente. 

Outros tópicos da conversa
- Uma obra no Brasil custa 80% mais cara que no México e o investimento no Iguatemi foi por volta de R$ 15 milhões.

- Existem pesquisas que dizem que os brasileiros vão meia vez ao cinema por ano. No México, eles vão 1,7 vez. A expectativa é fazer, em 10 anos, com que o brasileiro vá pelo menos uma vez ao cinema por ano, ou seja, dobrar a frequência. Mas daí vem a pergunta do ovo e da galinha: as pessoas não vão ao cinema porque não tem, ou não tem cinema porque as pessoas não vão?

- A ideia de fazer o cinema diferenciado em Alphaville é que o público morador não precise ir para São Paulo, já que ele terá um cinema que atenda às suas expectativas. Assim, ele não vai precisar pagar pedágio, pegar estrada, gastar gasolina, pagar R$ 10 de estacionamento. O público de Alphaville é fiel. Vamos oferecer opção para ele ficar aqui.

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Preços
Na quarta, 27, foram divulgados os preços:
Segunda, terça e quinta-feira: matinê (sessões iniciadas até às 16h55) R$ 17,50, noite R$ 19,50, 3D R$ 25,50; quarta-feira: R$ 17,50 o dia todo, 3D R$ 25,50; sexta, sábado, domingo e feriado: matinê R$ 20,50, noite R$ 22,50, 3D R$ 29,50

Salas VIPs - segunda, terça e quinta-feira: matinê R$ 38, noite R$ 43, 3D R$ 48; quarta-feira: R$ 35 o dia todo, 3D R$ 35; sexta, sábado, domingo e feriado: matinê R$ 43, noite R$ 47, 3D R$ 52

Em comparação às salas do Cinemark Cidade Jardim, temos cerca de R$ 3 de desconto:

Cinemark Cidade Jardim
Segunda, terça e quinta-feira: matinê R$ 19, noite R$ 21, 3D R$ 27; quarta-feira: R$ 19 o dia todo, 3D R$ 27; sexta, sábado, domingo e feriado: matinês R$ 22, noite R$ 24, 3D R$ 30

Salas VIPs
Segunda, terça e quinta-feira: matinê R$ 41, noite R$ 46, 3D R$ 51; quarta-feira: R$ 38, 3D R$ 43; sexta, sábado, domingo e feriado: matinê R$ 46, noite R$ 50, 3D R$ 55





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