É inevitável: um dia as crianças crescem e os seus brinquedos precisam de um destino. Eles podem ficar de herança para o irmão ou irmã mais novo, podem ser dados a alguém da família ou doados a um orfanato. Há ainda os adultos que crescem, mas ainda conservam alguns de seus melhores brinquedos como recordação de uma época incrível ou até mesmo para, quem sabe, dar ao herdeiro que um dia pode chegar.
E é exatamente este o enredo de “Toy Story 3”, longa-metragem de animação que estreia nesta sexta-feira, 18. Os brinquedos que ganham vida quando os donos viram as costas, criados por John Lasseter em 1995 (e que marcou a história do cinema de animação, uma vez que foi o primeiro longa feito totalmente por computador, ou seja, em três dimensões), ganha agora a terceira sequência, sendo desta vez também em 3D (que necessita de uso dos óculos especiais).
Na trama, dirigida por Lee Unkrich (codiretor de “Toy Story 2” e “Procurando Nemo”) e com roteiro de Michael Arndt (a partir de argumento de Lasseter, Unkrich e Andrew Stanton), o cowboy Woody (dublado por Tom Hanks, na versão original), convoca os amigos Buzz Lightyear (dublado por Tim Allen), Senhor e Senhora Cabeça de Batata e toda a turma para ver como chamar a atenção de Andy, o garoto que os ganhou na infância mas agora se prepara para ir para a faculdade. Sua mãe, então, sugere que ele e sua irmã, uma adolescente que fica ouvindo música em seu iPod, separem os brinquedos que não querem mais para levar para outras crianças, ou seja, para uma creche.
A partir de então, começa a diversão e a correria, pois os brinquedos (que atualmente vivem dentro de um baú) vão tentar achar um jeito de continuar com os donos que tanto amam.
Há, claro, os mesmos personagens das dus histórias anteriores, mas há os novos, que são apresentados ao decorrer da trama, como Barbie e o Ken, que protagonizam cenas hilárias. Ken, aliás, faz o tipo metrossexual exagerado, ou seja, fica naquela linha tênue que separa o homem que gosta de se cuidar do homessexual. Há também ursos de pelúcia.
Mais uma vez, a Pixar (que foi comprada pela Disney em 2006) acerta a mão e apresenta um longa-metragem embasado na verossimilhança. Ainda que seja um absurdo os brinquedos saírem andando e conversando, as cenas convencem, basta ter imaginação. O humor vem em pitadas generosas e é capaz de agradar crianças e adultos, já que esses também um dia tiveram seu brinquedo favorito e com certeza vão se lembrar daquele boneco que não quiseram dar.
Uma vez, John Lasseter contou que a ideia de fazer um filme com os brinquedos que ganham vida partiu do momento em que viu o que as crianças faziam com seus bonecos: colocavam na boca, jogavam no chão etc. E, se no primeiro filme, havia um menino que maltratava os bonecos, tirava suas cabeças etc., aqui podem ser vistas cenas parecidas.
“Toy Story 3” é um filme sensível, que mistura uma boa história, alta tecnologia, mas também mexe com o emocional das pessoas. Há pelo menos duas sequências fortes, nas quais pode-se dizer que foram feitas para que o espectador chore. A música tensa ajuda a criar o clima e o resultado é bem-sucedido.
Ainda que o longa tenha versões em 3D (como a que eu assisti, em Paris), é só uma questão de profundidade que se altera, pois não há cenas que ultrapassam os limites entre a tela e a plateia. A não ser para o bolso, uma vez que o ingresso para a versão 3D é mais caro que a tradicional, acredito que o espectador que assistir à versão 2D não deve ter prejuízo em qualidade de imagem. Prepare o lenço, pegue as crianças e boa diversão!
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A versão em francês publicada pelo Cineblogywood
Um comentário:
Tati,
Já estava com vontade de ver Toy Story mas, juro, sua resenha me animou. Especialmente pela parte da Barbie e do Ken, fiquei curiosíssima... rs...
Bjs
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