quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Entre Lençóis

Para contar uma história que se passa o tempo todo em um quarto de motel, o diretor colombiano, Gustavo Nieto Roa, em seu primeiro trabalho no Brasil, escalou Reynaldo Gianecchini e Paola Oliveira para viverem os protagonistas do filme "Entre Lençóis". A fita, que estréia nesta sexta, 5, nos cinemas, conta a história de Paula e Roberto, dois jovens que se conhecem em uma boate e vão para o motel terminar o que havia começado durante uma dança.

O primeiro diálogo do filme começa após mais de 10 minutos do início. Ou seja, os personagens vão para o quarto sem ao menos saber o nome um do outro, sem sequer combinar exatamente o que estava acontecendo. Em minha opinião, situação difícil de se ver na vida real.

Com roteiro escrito por Renê Belmonte, o mesmo de "Sexo com Amor?", o longa-metragem tenta não ser arrastado, mas não consegue. A maior dificuldade tanto do roteirista quanto do diretor se deve ao fato de existir apenas um cenário para fazer as movimentações. Cenário que, na verdade, é uma locação, e não um set que pudesse ter suas paredes e teto retirados, dificultando também a iluminação.

Os diálogos ora cômicos, ora dramáticos, discutem maternidade, por que as mulheres não vão ao banheiro sozinhas, por que os homens fantasiam transar com duas ao mesmo tempo, de modo que os personagens vão se apresentando, aos poucos, um para o outro, e também para o espectador. No entanto, fica comum e não acrescenta nada na construção deles mesmos, pois se transforma em gírias e clichês previsíveis.

Embora já tenha feito trabalhos na televisão, no teatro e também no cinema, Gianecchini ainda não está à vontade em cena, pois há momentos risíveis quanto à sua interpretação, que assustam o espectador, que percebe que ele está atuando e não se mostra de maneira natural. Paola Oliveira, em sua estréia no cinema, está mais confortável, embora seu trabalho ainda não seja excelente.

Uma das cenas mais bizarras é a que o personagem de Giane faz um strip-tease para a moça. Mesmo que se esforce para não ficar ridículo, a coreografia, que lembra a de um toureiro e caracterização que remete ao ator espanhol Antonio Banderas são engraçadas, mas não cumprem a função. A direção, neste caso, também é um pouco falha, pois há cenas que não se encaixam.
"Entre Lençóis" fala de amor, sempre com sexo no meio, com cenas de nudez - necessárias para contar a história, já que se passa o tempo todo no motel.

Se for o caso, vá ao cinema para apreciar a beleza dos dois e se divertir, pois é possível, vá lá, que entre um diálogo e outro você se identifique. No entanto, não espere ver grandes interpretações ou lições de vida.

Nenhum comentário: