quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Parisiense por uns dias

Eu não gosto de pedir informações quando estou perdida na rua. Muito mais por medo de uma pessoa mal-intencionada que pode me mandar pra bem longe que por auto-suficiência. Em compensação, parece que há uma placa com algo tipo: “Serviço de Ajuda ao Cidadão Perdido” colada na minha testa. Só eu pisar a rua, que já vem um perguntar onde fica a avenida tal.

Isso acontece desde quando eu era criança e voltava da escola a pé segurando a mão do meu irmão caçula. A gente voltava junto pra casa, mas um dia vieram me perguntar onde ficava a avenida Moreira Guimarães. E eu fui explicar para o motorista e ele... bom, deixa pra lá, não quero lembrar dessa história.

Mas mesmo depois que eu cresci um pouco e ficava andando de casa pro shopping, para a casa dos meus amigos, para a escola, vinha sempre alguém perguntar. Era até compreensível, porque é muito fácil se confundir com tanto nome de pássaros e aldeias indígenas que dão nomes àquelas ruas.

Depois que vim morar aqui, há 11 anos, a história continua se repetindo, mas o que confundem as pessoas agora são os nomes das flores que dão nomes às calçadas. Além de ser um labirinto, os nomes são muito parecidos.

Quando estive em Paris, pasme!, vieram me pedir informação. E o pior: em francês. Danou-se, porque eu não sabia nem onde eu estava, nem sabia falar o idioma da pessoa, imagine dar informação. Enquanto a pessoa (na verdade foram duas vezes) ia me perguntando, eu ia fazendo aquela cara de interrogação que até ela entender que eu não estava compreendendo nada, demorou.

No último dia em que eu fiquei na cidade, porém, eu estava passando perto da Place de la Concorde quando duas mulheres se aproximaram e dispararam:

- Do you speak english?

- Ufa, pensei. Pelo menos não vieram falando francês sem parar.

Depois da minha resposta positiva, elas me perguntaram se eu sabia onde fica o museu L’Orangerie. A primeira resposta que me veio a cabeça era dizer:

- No, sorry.

Mas eu não podia, porque eu tinha justamente saído de lá. Respirei fundo e, como se eu vivesse ali desde criancinha, fui explicando para as duas como chegar ao museu de arte impressionista. Mais dois meses ali e eu poderia jurar que nunca tinha morado em outro lugar.

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