quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Sem Controle

Há muitas adaptações de livros para o cinema, assim como a vida real. No longa-metragem “Sem Controle” a ficção se transforma em realidade não apenas como fruto da imaginação para a adaptação do filme, mas também dentro da produção. Imagine um diretor tentando ensinar a linguagem teatral a pacientes em tratamento psiquiátricos. É exatamente isso o que faz o personagem vivido por Eduardo Moscovis na fita dirigida pela estreante Cris D’Amato (que só havia participado de outros longas como assistente de direção).

Ele é Danilo Porto, diretor de teatro obcecado com a injustiça cometida contra o fazendeiro Manoel da Motta Coqueiro, caso que iniciou o processo de extinção da pena de morte no Brasil. Convidado pela ex-namorada, Márcia (Vanessa Gerbelli), dona da clínica, Danilo, que teve uma crise de estresse, passa uma temporada internado e, quando recebe alta, retorna apenas para lecionar uma oficina aos internos, incluindo Aline (Milena Toscano), uma moça bela, sensual e aparentemente normal, que logo cai nos braços do professor.

A partir de então, com o decorrer dos ensaios da peça, a turma começa a mostrar a cara, e as fragilidades de cada esquizofrênico vai aparecendo à medida que a peça vai se desenvolvendo e o filme vai mudando de rumo (e decrescendo em qualidade).


O cenário do filme é sempre o hospital psiquiátrico, rodeado por um jardim. Do meio para o final, porém, quando a imaginação vai tomando conta da realidade, ou seja, quando os enfermos vão adotando a personalidade de seus personagens da peça, a fotografia muda um pouco, assim como muda o cenário, que passa a ser uma fazenda. A câmera nervosa sai do tripé e vai para a mão e o espectador é convidado a viver o drama do professor em apuros.


O produtor Júlio Uchoa pesquisou sobre a história de Motta Coqueiro e descobriu que ele foi condenado à morte injustamente. Um dos desafios do longa, porém, foi contar nos dias de hoje uma história transcorrida em meados do século 19.

Embora o espectador possa se prender para saber o que acontecerá ao final da trama e qual será o destino do personagem, é nítida que a mudança de rumo passa a ser uma esquizofrenia não apenas na tela, mas também dos produtores, que propõem ao público um filme fraco, que perde no ritmo e decai em qualidade cinematográfica. Em “Sem Controle”, não apenas os personagens perderam a mão.

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