quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Sem Reservas

Antes de falar sobre um filme, é preciso identificar qual é o público-alvo que ele quer atingir. Comédias românticas costumam passar longe das opções dos cinéfilos, mas elas têm o seu público e, quando bem-feita, podem fazer rir e instigar o espectador. “Sem Reservas” (“No Reservations”), longa-metragem que estréia nesta sexta, dia 10 de agosto, reúne elenco com química que funciona, tem ingredientes que misturam drama, comédia, romance e astros do cinema norte-americano.

Baseado no filme europeu “Simplesmente Martha”, a fita conta a história da chef de cozinha Kate Armstrong (a bela Catherine Zeta-Jones), que é perfeccionista, workaholic e exigente em seu trabalho. Ela trabalha em um dos mais requisitados restaurantes de Nova York e acredita que é com um bom prato de comida que ela oferece o seu amor. Paula (Patricia Clarkson), a proprietária do estabelecimento, exige que ela faça terapia e não a demite por conta de suas loucuras e mal-criações com os clientes, pois é a melhor chef da região.

No entanto, um contratempo em sua vida familiar acontece e ela precisa assumir a sobrinha Zoe (Abigail Breslin, a mesma carismática de “Pequena Miss Sunshine”). Além de dirigir a cozinha do restaurante, Kate divide o seu tempo para cuidar da menina. Além de não ser nem um pouco maternal, em sua vida e em seu aconchegante apartamento não há espaço para uma criança de 10 anos. Mesmo preparando pratos saborosos, não há meio de a menina comer sua comida, o que para ela significa repúdio ao seu amor.

Aos se afastar do trabalho para resolver o problema da sobrinha, Kate vê um novo chef trabalhando em seu lugar. Nick Palmer (Aaron Eckhart) havia trabalhado em restaurantes de cozinha italiana e acha ótima a oportunidade de ser assistente da respeitada Kate.

Daí pra frente, dá para adivinhar o que vai acontecer, pois o longa é bastante previsível e a todo momento reúne elementos que confirmam a teoria. No entanto, o modo como a história é contada pelo diretor Scott Hicks é um dos trunfos da fita, que consegue extrair dos personagens boas interpretações, a começar pela menina Abigail, que conquistou os espectadores em seu último trabalho.

O subchef vivido por Eckhart é totalmente o oposto da competente, mas arrogante chef. Ele faz os seus pratos ouvindo ópera em alto volume (o que parece ser um pouco inverossímil, já que na cozinha é preciso comunicação), gargalha com os cozinheiros, é carinhoso e convence a pequena a comer seu prato de macarrão (uma das cenas mais tocantes). Os dois cozinhando faz a arte da cozinha parecer tão simples, que não será raro (nem admirável) se o espectador se levantar da poltrona do cinema e seguir em direção ao fogão mais próximo para colocar a mão na massa.

Outro destaque fica para o terapeuta, vivido por Bob Balaban, que encena seqüências bem engraçadas, principalmente quando sugere à chef que ela faça comida menos incrementada à menina, e ela diz que “paga para ouvir este tipo de conselho”.

“Sem Reservas” é um filme bem-feito e cumpre exatamente aquilo que propõe: entreter, divertir e emocionar o público.

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