Outro dia recebi um e-mail acalorado sobre a coluna que escrevi e falei que os cinéfilos estavam com dificuldade de ver filmes, uma vez que apenas havia em cartaz os blockbusters. Um dos motivos que a pessoa escreveu foi para me dizer o significado de cinéfilo, já que Aurélio Buarque de Hollanda afirma que cinéfilo é aquele que gosta de filme e eu dei a entender que cinéfilo é aquele que gosta de filme de arte. Pode ser que ele tenha razão, mas fico em dúvida quando uma pessoa diz que gosta de cinema e passa longe dos filmes de arte. Acho que quem vai ao cinema só para ver blockbuster gosta mais é de pipoca com refrigerante que de filme.
Discussões à parte, eu apenas quero dizer que não sou contra blockbuster, grandes produções etc. Eu até gosto, vou ao cinema, assisto a todos eles, até compro o ingresso. Mas não abro mão de ir ao Reserva Cultural assistir às pequenas produções acompanhada de croissants.
Aliás, neste final de semana fui conferir um filme nacional que a crítica toda deu nota contra. Resisti até domingo, mas não agüentei. Preciso ver “Primo Basílio” e dar o meu parecer se é bom ou ruim.
Segui para o Reserva Cultural e, enquanto esperava a sessão começar, fiquei sentada no café escolhendo qual croissant ia comer. Fiquei com o Pain au Chocolat. Enquanto isso, um rapaz descia a rampa e, ao olhar para dentro do café, reclamava para o cara que o acompanhava, que deveria ser o seu pai:
- Não tem pipoca aqui. Nem balde de refrigerante. Já não gostei do lugar.
Bom, cada um com suas preferências. Fui ao caixa comprar o meu Pain au Chocolat e minha garrafinha de água e, quando voltei à mesa, vejo o mesmo garoto descendo a rampa novamente. Mas desta vez ele estava com um saco de pipoca, que ele adquiriu do lado de fora do cinema. Não sei qual foi o filme que ele assistiu, mas pelo menos não estava sentado, com sua pipoca barulhenta, ao meu lado.
Sobre “Primo Basílio”: não é tão ruim quanto eu achava que fosse, mas a gente sabe, após assistir “O Cheiro do Ralo”, “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, “Cinema, Aspirinas e Urubus”, “Cidade de Deus”, que cineasta brasileiro sabe fazer coisa boa e melhor que esta produção. E como Daniel Filho deu um nó na minha cabeça com a adaptação da história, vou reler o livro de Eça de Queiros para só depois fazer as considerações.
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