Por conta do trabalho, assisto a muitos filmes em sessões exclusivas a jornalistas, as chamadas cabines. Essas sessões são realizadas dias antes do lançamento no cinema, justamente para que os profissionais possam escrever sobre a obra.
É claro que não dá para assistir a tudo, uma vez que há, inclusive, sessões diferentes no mesmo horário acontecendo. Outra opção também para ver antes é na pré-estréia, que geralmente acontece à meia-noite do sábado anterior ao lançamento. Então, quando não vejo um filme e ele me interessa (pessoalmente e não para o trabalho) trato de assisti-lo no circuito.
Quando vou às sessões noturnas, costumo ir acompanhada de uma amiga, que, embora não trabalhe no ramo, é apaixonada pela sétima arte. Ao final, saímos da sala e comentamos sobre qual parte gostamos e nos identificamos, o que desprezamos e assim surgem várias discussões saudáveis entre ela e eu. O mais legal é que ela não observa alguns pontos a que me atenho, mas valorizo bastante a visão dela como público comum.
Outro dia saímos para ver duas sessões seguidas no Reserva Cultural. Uma era 21h30 e a outra, 23h55 (pré-estréia). Acostumadas a chegar ao cinema e não enfrentar fila, neste sábado foi diferente. Chegamos com meia hora de antecedência para ver “Medos Privados em Lugares Públicos”, de Alain Resnais. Já estava em cartaz desde o dia anterior e, como não fui à cabine, estava ansiosa para ver a obra do francês. Pois bem, para a nossa surpresa, a fila da bilheteria extrapolava o limite da cerca. E, pasme, os ingressos para aquela sessão havia se esgotado. A solução foi olhar onde haveria uma sessão mais próxima daquele filme. Nada. Então resolvemos comprar para a exibição seguinte, ou seja: meia-noite. Deste modo, tivemos que optar por não ver a pré-estréia e apenas assistir àquele que estava chegando às telas naquela semana.
Eu costumo ficar frustrada quando essas coisas acontecem, quando meus planos vão por água abaixo. Até porque eu olhava no Guia os filmes em cartaz e nada me animava, pois eu já havia assistido à praticamente todos os filmes. Mas ok, resisti à tentação de ficar irritada e seguimos para um dos bares que ficam ali perto. Não tomei chope, porque o álcool poderia me deixar com sono (ou bêbada), de modo que me faria perder detalhes do filme. Me saciei com água e sorvete. Pouco antes do início da sessão nos dirigimos ao cinema e esperamos a liberação da sala. Fim da projeção, entramos no carro e dá-lhe falar da nova produção francesa.
Uma semana depois, um amigo me ligou para que eu o acompanhasse ao cinema. Não resisti e soltei uma risadinha. Mesmo assim, perguntei qual era o filme que ele queria ver.
- “Ratatouille” ou “Transformers”.
- Hmmm, já vi os dois. Mas até veria “Ratatouille” novamente.
Não fomos. Ele desistiu de ver depois de achar que era esnobismo meu.
- Imagina, as salas que exibem apenas filmes repetidos.
Duas semanas antes, na ocasião do lançamento de “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, um colega jornalista perdeu a cabine para a imprensa e decidiu me acompanhar durante uma reportagem sobre os fãs do bruxinho. Não resisti e assisti ao filme novamente. Nós dois, aliás, costumamos ver juntos nas cabines, e na saída sempre comentamos sobre nossas impressões. Desta vez fiquei esperando a reação dele, pois eu já tinha as minhas idéias sobre a produção.
Embora eu não goste muito de rever filmes, principalmente porque não resisto à tentação de comentar durante as cenas, me comportei direitinho e aprendi a lição. Muitas vezes a companhia é mais importante que o filme que está sendo exibido na tela.
Um comentário:
So agua e sorvete? Sei...
Aqui perto de casa passa bastante filme frances, sabia? =) So que nunca sei o que é legal e acabo vendo os "estrangeiros". Uma pena.
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